Tem dia que até os objetos me dão
“bom dia”, e se vejo uma porta aberta, penso comigo: ela está rindo para mim.
Tem dia que as coisas falam comigo como se eu tivesse antes lhes dirigido a
palavra: como se eu tivesse perguntando “qual é o segredo?”, e elas me
respondessem como se eu fosse merecedor de ouvir os segredos que o mundo tem. É
assim, tem dia que o mundo vai se descortinando para mim sem muito eu precisar
de explicação, como se a vida tivesse aquele velho costume mágico de eclodir
como às flores à estação.
Em dias assim, tal como os pássaros naturalmente fazem a sua canção, não tenho dificuldade nenhuma de tocar o sentido que a vida é; de saber que sou parte do sentido que procuro. Se sou apenas parte daquilo que sou, de mim resta buscar a outra parte para que eu seja integralmente. É aqui que chego onde estou e vejo que parte de mim é gente e a outra parte quer ser gente também; que só posso completar-me no pouco que sou, se me dou para que a outra parte de mim seja.
É aqui que percebo que o tempo é uma dádiva que me deram quando nasci, e como embrulho, os anos vão desvendando o presente que escolhi ser para a outra parte que procuro de mim. E depois de anos, percebo que só posso ter o presente que lá no fundo eu desejo receber, sendo o presente que Deus quer dar ao mundo.
De verdade, tem dia que não mereço nada receber, mas ainda assim Ele acena para mim trazendo aquele “bom dia!”, e com sorriso na voz ele me diz: parabéns!
Aos que amo, por todos os anos.
A Deus por toda a vida.
2012 © Lucas Nascimento
Texto publicado originalmente em www.lucasnascimento.jimdo.com
em 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela interação