Às vezes tenho a sensação de que meus
sentimentos, sentidos e algo mais, que poderia chamar de o centro do meu
"eu", ao dialogar com elementos do real pulam dentro de mim até de
mim saírem para tocar uma fagulha do eterno, daquilo que não se pode explicar,
medir ou mensurar com métodos "naturais". Chamamos isso de momento
que se eterniza. Talvez isso ajude a explicar aquele gosto na alma de algo
saboroso e inexprimível que, por vezes, sentimos e que a partir do nosso
espaço-tempo os transcende amplamente. Isso me acena de que existe um lugar e
um tempo que não é o que "vivo" na maior parte do meu tempo. Isso me
diz de que meu corpo foi criado para transcender. E se todos nós vivemos sempre
em busca desses momentos, isso nos diz que somos carentes de sermos envolvidos
por algo maior que nós mesmos. Se somos carentes é porque nos falta, se é uma
falta tão absurda que todo homem universalmente vive a busca de preenchê-la de
alguma forma à sua maneira, é porque fomos criados com a presença de algo que
hoje nos falta e, no máximo, a tocamos às migalhas. Mas se de alguma forma
podemos tocar, isso nos diz que esse algo existe.
2012 © Lucas Nascimento
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